Ontem eu cheguei em casa e meu marido desatualizado abriu o Facebook e me perguntou “Amor, porque tantas pessoas e você estão colocando a frase ‘bela, recatada e do lar’?”. E eu falei para ele colocar no Google e ler a matéria da Veja. E foi o que ele fez. E novamente veio a pergunta: “Ok, mas porque tanto alarde em cima disso?”. E eu pensei, pensei… e pensei.
E cheguei a uma possível explicação: As pessoas entenderam errado o título da matéria, e acharam pejorativo uma mulher (Marcela Temer) nos dias de hoje ser chamada de “bela, recatada e do lar”. Acham o texto machista e retrógrado para ser publicado em pleno 2016.
Mas eu te pergunto: se essa é a vida que ELA escolheu, qual é o problema? Ai caímos de novo na discussão de machismo x feminismo x femismo (femismo é o ódio sobre o sexo masculino). Lembra que eu já expliquei aqui, que feminismo é a luta pela igualdade de gênero? Então. Na igualdade de gênero, homens e mulheres tem livre escolha e podem fazer o que quiser. Se ela quer ser dona de casa, qual o problema? Do mesmo jeito que se um homem quer ser dono de casa, qual é o problema também?
Eu acho que se tem uma pegada preconceituosa no texto, esta longe de ser sobre “do lar”.
O primeiro preconceito claro que eu vejo é no sub-titulo, quando descrevem “43 anos mais jovem que o marido”. Perai, se você esta falando de uma pessoa, você tem que falar DESSA pessoa. Não sobre a diferença de idade com o marido logo no começo do texto. Porque não escolheram a idade dela? Porque assim, o impacto seria menor e ai “venderia” menos? Como jornalista, me dói ver esse tipo de apelo cunhado em preconceito para chamar a atenção.
Outra coisa que, ai sim, podemos achar um pouco do tão citado “machismo”, é que a palavra “bela” esta se referindo ao fato de Marcela já ter participado de 2 concursos de Miss. Será que se ela não estivesse nos “padrões de beleza”, a matéria ainda teria essa chamada? Porque se nós lutamos por um mundo que aceite a real beleza feminina, então TODAS as mulheres (independente do padrão e de concursos) são belas. Ou pode ser apenas que enalteceram isso para novamente ter o apelo comercial. Esse foi o único trecho que para mim, pode ser considerado machista.
Conclusão:
Belas, todas somos.
Recatada pode ser? Se você quiser, pode! Você pode ser o que você quiser.
“Do lar” pode também? Mas é claro! Se você quer, seja!
Se você ganha bem, e seu marido quer ser “do lar” e cuidar da casa pode também? Mas é claro! Ele não é menos homem por causa disso.
Do mesmo jeito que dependendo da sua escolha, você não é “menos”. Alias, ninguém é “menos” por escolher uma carreira, porque sim, quem cuida da casa é um trabalho, e muito árduo por sinal.
Eu só acho que existem muitas coisas mais sérias para lutar, do que ficar dando Ibope para uma matéria, feita claramente para “chamar atenção”.
Você sabia que:
a cada 11 minutos uma pessoa é estuprada no Brasil? (dados G1)
3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos (pesquisa realizada pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular (nov/2014)
56% dos homens admitem que já cometeram alguma dessas formas de agressão: xingou, empurrou, agrediu com palavras, deu tapa, deu soco, impediu de sair de casa, obrigou a fazer sexo (segundo o Instituto Avon/Data Popular)
Talvez a grande máscara ai, não é a matéria ser de uma “bela, recatada e ‘do lar'”. Mas sim, incutir que esse possa ser o único “certo” e “moralmente aceito”. Mas isso não é a matéria da revista que coloca na cabeça das pessoas, isso é o preconceito que crescemos com ele e muitas vezes somos ensinadas a isso.
O “certo” e o “moralmente aceito”, não é uma matéria de uma revista que vai impor. Quem impõe é aquele pai/primo/tio/amigo/mãe/conhecida/tia/prima, que chega para a menina e mostra a matéria e fala “você é muito masculina, deveria ler isso e seguir esse exemplo”. Ou tantas outras formas de podar quem realmente somos.
Enquanto esses números não sumirem, somos todas pessoas de muito azar….