Ontem foi dia da Imigração Japonesa no Brasil, aniversário de 108 anos da data oficial do primeiro navio de imigrantes japoneses para o Brasil.
Para mim essa história da imigração japonesa é muito íntima, afinal, meu vô fez parte de um desses navios imigrantes que vieram do Japão no início. Meu vô nasceu na cidade de Kobi no Japão e veio no começo da Segunda Guerra Mundial para o Brasil.
Então para mim, o significado da Imigração Japonesa no Brasil é bem forte né. Afinal, se meu vô não tivesse vindo para o Brasil, não teria conhecido minha vó, que não teria tido meu pai que não teria conhecido minha mãe e eu não teria nascido! Hehehhe
Voltando a Imigração Japonesa no Brasil, o Kasato Maru é considerado de forma oficial o primeiro navio a aportar no Brasil com imigrantes japoneses. A viagem que durou 52 dias começou no porto de Kobe e terminou no Porto de Santos em 18 de Junho de 1908 (por isso da data). Vieram 781 pessoas, sendo 186 mulheres que compunham 165 famílias. Haviam poucas mulheres, pois em sua grande maioria, os grupos tinham como núcleo marido e mulher e o restante era formado por parentes ou até mesmo conhecidos que não eram membros da família.
Ao fim da Primeira Guerra Mundial, o fluxo aumentou consideravelmente. E entre 1917 e 1940, que tiveram 164 mil japoneses chegando ao Brasil. Na década de 1930, o Brasil já abrigava a maior população de japoneses fora do Japão. Muitos imigrantes japoneses continuaram a chegar neste período, muitos deles atraídos pelos parentes bem sucedidos que já tinham emigrado.
Claro que com o choque cultural, houveram muitos problemas para os japoneses para se adaptarem no Brasil. Por isso acabaram formando colônias fechadas, e pessoas de fora não eram muito bem vistas. Por isso durante anos, a cultura japonesa no Brasil ficou um pouco isolada. Essa situação quase teve um grande problema quando ao final da Segunda Guerra Mundial muitos imigrantes acreditaram que o Brasil estavam mentindo. Isso porque não aceitam que com mais de 2 milênios invencível, o Japão pudesse perder uma guerra. Para quem se interessar, recomendo o livro Corações Sujos, depois faço uma crítica dele também aqui.
Outros problemas também existiram, afinal, o Brasil também apoiava os EUA na 2ª Guerra, que era opositor do Japão. Mas entre tantos percalços, hoje os japoneses são uma cultura muito respeitada.
Temos hoje no Brasil várias festividades e associações da Cultura Japonesa. Eu, como descendente de japonês, vou enumerar algumas coisas que aprendi sendo sansei:
- Respeitar os mais velhos. O número de abandono dos idosos no Brasil é assustador! São mais de 64 denúncias por dia, segundo o IBGE. E sabemos muito bem que as denuncias normalmente não chegam a 50% dos casos gerais. Falta MUITO respeitar as gerações mais velhas. Independente se é da família ou estranhos, tem que haver o respeito, ou você pensa que você não irá envelhecer?
- Ler. Meu vô japonês assina livros por ano, e todo mês chega um exemplar novo e ele sempre está lendo. Não é atoa que tem 94 anos, é completamente lúcido, e dá de 10 a 0 em muito jovem por ai.
- Comida japonesa não é sinônimo de peixe. Para quem já acompanha o blog a algum tempo, sabe que eu não como nem peixe nem frutos do mar (ovelha negra). Porém, eu me esbaldo em restaurante japonês sim! Adoro udon, tepan, gyosa, tempurá, missoshiro, shimeji, shiitake, entre muitas outras comidas deliciosas (e sem peixe) que tem na culinária japonesa!
- Educação. Me desculpem os brasileiros, mas vejo muita gente não dando nem “bom dia” para porteiro. Além do oportunismo, e o clássico “jeitinho”. Não, me desculpem mas não. Isso é revoltante, pois quanto mais o “jeitinho” fizer parte da nossa cultura, mais vão ter os “espertões”.
- Trabalho duro. Eu trabalho muito, segundo meu marido, sou até um pouco workaholic. Mas é que aprendi desde cedo a aprender, aprender sempre, e ter tudo o que eu tenho com base no mérito. Então, enquanto não chego aonde quero chegar, é trabalhar de domingo a domingo!
Mas é isso gente, espero que tenham gostado ♥
A cultura japonesa é muito rica e maravilhosa, e sou imensamente grata pela imigração japonesa ao Brasil. Kampai!
P.S.: Eu sei que não tenho olhos puxados… e definitivamente não pareço japonesa. Mas brinco sempre, que o cabelo é liso de japones! Hehehehe. O importante não é a aparência, mas tudo que eu tive a sorte de aprender com esse legado ♥
P.S.2: Sim, eu gosto de anime, mangá, inclusive conheci meu marido em uma feira japonesa 😛