De 22 a 27 de janeiro de 2024 acontecerá o I Seminário Internacional de Rasaboxes, produzido por Juliana Calligaris, Erika Horn e a Cia Trilhas da Arte – Pesquisas Cênicas, de Campinas, em parceria com o Grupo de Teatro Estrada de Indaiatuba.
Todas as atividades do seminário de Rasaboxes serão gratuitas e abertas a todas as pessoas interessadas, maiores de 16 anos, sem necessitar experiência em Artes Cênicas ou Dança. O seminário priorizará a participação de pessoas com deficiência e pessoas que residem em áreas descentralizadas da cidade de Indaiatuba, sendo reservadas 20% das vagas totais das atividades para estes públicos.
Concebido na década de 1980 e 1990 por Richard Schechner, a técnica dos Rasaboxes oferece à(aos) intérpretes, atrizes, atores e performers uma ferramenta concreta física para acessar, expressar e gerir seus sentimentos e emoções no contexto das artes cênicas em geral. Útil
como treinamento da/do intérprete, os Rasaboxes também têm muitas outras aplicações em vários campos profissionais, incluindo (mas não limitado a) terapias comportamentais e emocionais, educação e negócios. Basicamente, os Rasaboxes treinam as(os) participantes para expressar fisicamente oito emoções-chave identificadas pela primeira vez na Natyasastra, um texto sagrado hindu em sânscrito que ensina como lidar com teatro, dança e música destes tempos imemoriais.
Os Rasaboxes integram esta teoria ancestral juntamente com a pesquisa contemporânea de vários autores, sobretudo a do artista e pesquisador estadunidense, Richard Schechner sobre emoção e sobre o "cérebro na barriga" (o sistema nervoso entérico) e integram também estudos acerca da expressão facial da emoção, da neurociência das emoções e sobre a teoria da performance – incluindo a afirmação provocativa de Antonin Artaud de que a(o) atriz/ator é “um atleta de as emoções”.
Os Rasaboxes são uma ferramenta totalmente corporal e individual para expressar aquelas oito emoções-chaves principais separadamente e em combinação com a prática física direta.
Percurso Performativo – Rasaboxes
A palavra sânscrita rasa pode ser traduzida como sumo, sabor, aroma, essência. O conceito subjacente é de que a rasa permeia e habita nossos sentimentos. Rasa é mais um processo do que uma coisa; ainda assim, as oito rasas podem ser identificadas e conjugadas. Rasas são ossabores primários como salgado, azedo, doce, picante, adstringente e amargo, cheiros ou como a pessoa se sente – “vermelha”, “rosada”, “pesada” e assim por diante. Rasas são os diferentes “sabores” de energia e emoções que são sentidas durante uma performance artística ou numa situação da vida cotidiana.
As oito rasas – em tradução livre – são adbhuta (surpresa, deslumbramento), sringara (amor, eros), bhayanaka (medo, vergonha), bibhatsa (repulsa, revolta), vira (coragem, valetia), hasya (risada, o cômico), karuna (tristeza, compaixão) e raudra (ira).
Rasaboxes é um processo, um sistema aberto como o universo incrivelmente rico do balé ou kathakali. Em suas fases mais avançadas, as/os artistas de Rasaboxes misturam, sobrepõem e pontuam as oito rasas de modo a criar expressões complexas, seres ficcionais e relações
emocionais psicofísicas. Usando rasaboxes, artistas podem explorar peças, compor cenas, criar coreografias ou música e mesmo inventar performances completas. No mundo além das artes, rasaboxes podem ser usados para liberar emoções, ajudar a descobrir como sentimos o que sentimos e comunicar-nos com outrem e com aspectos anteriormente ocultos ou bloqueados do psiquismo – as possibilidades dos rasaboxes são realmente infinitas.
Objetivos
Na prática, Rasaboxes produzem desempenhos cênicos que são viscerais e úteis em uma ampla gama de contextos: da sutileza na atuação cinematográfica à ousadia da Commedia Dell’Arte, do teatro naturalista à pura dança, música e movimento. Os Rasaboxes integram
atuação, movimento e voz. Eles envolvem a(o) atriz/ator numa abordagem única e poderosa que pode ser aprendida.
Os exercícios rásicos vão da expressão pessoal e muito simples de cada rasa individualmente por meio de desenhos, respiração, gesto, atuação e vocalização, até combinações complexas de rasas realizadas por várias pessoas simultaneamente. Os exercícios rásicos são psicofísicos, envolvendo todo o corpo-mente. Da composição do corpo e orientação da respiração, o trabalho leva passo a passo para exercícios de som e movimento que podem usar objetos e textos, música, máscaras, canto e muito mais. Há uma imprevisibilidade nos Rasaboxes em termos de meios. Em cada oficina, novos meios de acesso e expressão das emoções são descobertos.
Descrição do conteúdo do seminário de Rasaboxes
Neste seminário, as atividades e oficinas contemplarão diversas dessas áreas das artes cênicas em campo expandido:
i) Formação artística pela via da prática introdutória e, depois, aprofundada, do jogo performático Rasaboxes, criado por Richard Schechner. Os Rasaboxes articulados em jogo de improvisação com as oito rasas (suco/ essência) e suas emoções correspondentes: bhayanaka,
raudra, sringara, adbhuta, hasya, vira, karuna, bibhatsa, acrescidas posteriormente de shanta;
ii) Especialização em palhaçaria e direcionada para palhaças/os, atores e atrizes, comediantes e interessadas/os em geral na criação de comicidade com aula pública no final;
iii) Especialização em dança com movimentos inspirados na Yoga Suksma Vinayama, vinculada ao Natyasastra, que promovem o contato com os sete chacras básicos, a partir dos quais são produzidas as sonoridades dos bija mantras (sons sementes) e de fonemas vocálicos.
Integração corpo/voz por meio da conexão entre movimento e respiração;
iv) Adensamento de prática artístico-pedagógica não apenas apresentando as bases conceituais do treinamento desenvolvido por Richard Schechner àquelas(es) que não o conhecem, mas, principalmente, adensar as discussões sobre desdobramentos e aplicações do treinamento a partir das práticas desenvolvidas por um núcleo de pesquisadoras(es) das Artes Cênicas nos campos da dramaturgia, canto, formação de atriz/ator, palhaçaria, encenação, direção de movimento e dança.
v) Treinamento técnico para composição de personagens e seres ficcionais por meio do trabalho proposto pelo Kalaripayatt, ministrado por Paula Ibañez: luta e dança marcial indiana vinculada ao Natyasastra que possibilita o desenvolvimento muscular e mental e aumenta consideravelmente os níveis de concentração de quem o pratica, além de aumentar o repertório criativo e expressivo da/o intérprete, no caso das artes performativas.
vii) Palestras formativas e de expansão de conhecimento com pesquisadoras importantes: 1) com a paulista Leticia Olivares e seu olhar na direção e encenação de espetáculos pela via do Rasaboxes e 2) com a estadunidense Michele Minnick, a pessoa mais importante na pesquisa e prática artística, social, educacional, pedagógica e engajada de Rasaboxes no mundo, atualmente.
viii) Na área de literatura, com a divulgação do livro “Preparação Corporal, Direção de Movimento e Coreografia nas Artes da Cena”; com suas organizadoras, que também ministrarão oficinas no seminário: Adriana Bonfatti, Joana Ribeiro e Nara Keiserman. Com o lançamento do livro “Inside The Performance Workshop: A Sourcebook for Rasaboxes and Other Exercises”, escrito e editado por Rachel Bowditch, Paula Murray Cole e Michele Minnick. E, também, com o lançamento da tradução para português brasileiro do livro “O Nāṭyaśāstra”, com organização de Janine Pimentel e Thaisa Martins, que será apresentado por Joana Ribeiro, artista e professora, ministrante de oficina do seminário.
I Seminário Internacional de Rasaboxes
De 22 a 27 de janeiro de 2024
Local: Sede do Grupo de Teatro Estrada de Indaiatuba, na Rua 5 de Julho, 1552, Centro
Todas as atividades serão gratuitas
Divulgação da programação e inscrições pelo Instagram:
https://www.instagram.com/iseminarioderasaboxesbrasil/
O seminário tem produção de Juliana Calligaris (@juliana_calligaris), Horn Produções Artísticas
(@horn.producoesartisticas) e da Cia. Trilhas da Arte (@ciatrilhasdaarte) em parceria com o
Grupo de Teatro Estrada (@grupodeteatroestrada).
Olá caríssima Helga! Ficou linda a matéria! Muito obrigada!
Abraços de boa vida!
Juliana!